REACENDER O DESEJO

Quarta-feira, 5 de Maio de 2020

 
A pressão a que os casais estão sujeitos no dia a dia, bem como o trabalho, a educação dos filhos, as questões financeiras, a divisão de responsabilidades domésticas, as relações com as respetivas famílias de origem, o stress, etc. interferem com o tempo de qualidade e disponibilidade para estar a dois, contudo este tempo é imprescindível.

O início da relação é marcado como um momento único, cheio de fantasia, em que se vive uma linda história de amor, o Eu, e o Tu, dão lugar ao Nós. Nós um casal, que começa a constituir uma família, com bons e maus momentos.


"O amor, a intimidade e o desejo, ficam encalhados numa encruzilhada, emaranhados, acorrentados, e com dificuldades em se expressarem e libertarem."
 

Muitos casais quando não conseguem gerir os momentos menos bons e estes se prolongam ao longo do tempo, começam a vivenciar os primeiros conflitos, com ciclos de crise à qual cresce uma reatividade, ressentimento e desvalorização. 

O amor, a intimidade e o desejo, ficam encalhados numa encruzilhada, emaranhados, acorrentados, e com dificuldades em se expressarem e libertarem.  De facto, quando os casais desinvestem no Nós, a intimidade, a atividade sexual e o desejo ficam fragilizados.

Contudo, no início da relação o casal já vivia sujeito a fatores geradores de stress, e não seria impedimento para serem mais unidos, cúmplices, terem desejo e investirem na sua sexualidade e intimidade. Então, o que mudou?
 

"quando as coisas não vão bem entre o casal isso se reflete na cama"
 

Com os anos, foram-se instalando problemas que levaram a discussões, falta de confiança, desilusões, e o sentimento de culpa foi-se instalando, e o casal foi-se sentindo menos livre. A ausência de liberdade, aprisiona o desejo, e o corpo que não consegue mentir, ao contrário da palavra, começa a retrair-se. Por isso é que quando as coisas não vão bem entre o casal isso se reflete na cama, e verifico que os casais para além de quererem sentir-se amados, querem sentir-se desejados.

As mulheres são as mais afetadas, sobretudo após o nascimento dos filhos. Querem ser valorizadas e desejadas como mulheres, e não como mães ou como esposas, ou companheiras.

É um facto que a vida sexual do casal muda com o nascimento dos filhos, pois este deixa de viver somente a conjugalidade, para se dividir ou multiplicar no papel da parentalidade.

Na verdade, o casal não quer viver unicamente para os filhos, ser superpais e supermães, mas sim, superhomens e supermulheres. Felizes, com um sentimento de ligação, apreciados e desejados na relação, e ter uma vida sexualmente excitante e íntima. 
 
"O erotismo e os jogos de sedução são uma chama que mantém viva a relação do casal, tal como o oxigénio de que necessitamos para respirar."
 
Verifica-se que os casais investem cada vez mais no amor, na família e na estabilidade, mas estas opõem-se à aventura e ao desejo, àquilo que os casais tanto necessitam para rejuvenescer. Muitos caiem na monotonia e consideram que já conhecem tudo um do outro.

Agarrados à segurança, desinvestem dos momentos a dois. O erotismo e os jogos de sedução são uma chama que mantém viva a relação do casal, tal como o oxigénio de que necessitamos para respirar.  Daí que seja tão importante o casal sair da sua bolha de preocupações do dia a dia e refugiar-se num momento dedicado ao romance.

Muitos casais manifestam vergonha e ainda há muitos tabus em torno da sexualidade e da expressão erótica, e muitos têm medo de serem julgados.


Há casais que estão casados há anos e que nunca falaram das suas fantasias e das suas preferências sexuais, mas é necessário e fundamental. Diria que urgente!
 
Muitos conflitos estão relacionados não só com as relações sexuais, mas também com a ausência de intimidade, e a ausência de intimidade quando não existe isso torna-se num verdadeiro problema, que muitas vezes é expresso num jogo de culpas e cobranças, sendo comum atribuir ao outro uma responsabilidade que é dos dois.
 


É FUNDAMENTAL QUE O CASAL CONVERSE E IDENTIFIQUE DIFICULDADES, SATISFAÇÕES E NECESSIDADES NA SUA VIDA SEXUAL

Se conversarem ficam a saber as necessidades um do outro, por exemplo, se querem mais momentos de intimidade, se querem mais frequência nas relações sexuais, se não se sentem à vontade para tomar a iniciativa, se querem momentos carinhosos no ato sexual, se gostavam de experimentar coisas novas,  se querem ter mais prazer, se têm fantasias que gostavam de ter, etc.

Deve expandir-se ao mesmo tempo que liberta inibições e constrangimentos, desbloqueiam fantasias e desejos.

Por isso são necessários os rituais do casal, os momentos destinados aos dois, e as escapadelas de fim de semana.

Há autores que são da opinião que a intimidade alimenta o desejo, mas que o prazer sexual requer distanciamento, e que a intimidade erótica é a versão adulta do jogo das escondidas.

Este jogo e tantos outros, fazem parte de um processo inacabado, que o casal deve investir e reinventar-se enquanto caminha na relação.

Investir na sua intimidade erótica de forma despreocupada e livre, com espontaneidade e criatividade aviva a vitalidade erótica. E recomenda-se!




Sandra Maurício
www.sandramauricio.com

Terapeuta de Casal
Terapeuta Familiar 
Psicóloga Clínica
Formada em Coaching Individual, Equipas e Organizações, acreditada pela Internacional Coaching Federation
Formadora Certificada pelo IEFP
Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses